terça-feira, 10 de novembro de 2020

Mudanças...

O tempo vai passando e o que vemos são as pessoas migrarem de um lado para o outro no universo da internet. O que começou com o orkut, passou pelo MSN, depois facebook e agora instagram. Fora outras tantas plataformas digitais que só fragmentam o nosso trabalho. Contudo e infelizemnte o blog perdeu muito, e quase não vemos frequentadores aqui. É muito trsite ver um blog abandonado, cujo autor publicou a última vez há meses já. Creio que o facebook tem se tornado mais frequentado, apesar de novos sites de relacionamentos aparecerm. Eu? Vou remando por aqui até onde for possível. Amigos fieis de blog, um beijo a todos e muita paz.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

O feitiço das folhas

Ao ler as poesias de um livro antigo,
As letras sobem aos olhos,
e os versos descem pelas artérias da nossa alma.

O poeta se desprende das folhas do livro,
Senta ao seu lado e lhe sopra o feitiço.

Vai virando as páginas
o ser que se apossou de si,
na tentativa de degustar o seu coração,
que ao ritmo do vinho lhe acordara das profundidades do limbo.

São as suas essências que lhe devora,
Suas cores sobrenaturais,
O olhar de ágata além das substâncias...

Ives Vietro

sábado, 18 de julho de 2020

Claude Debussy

Era Debussy, o próprio reencarnado,
Que fincava em mim a espada sem fim...
Ressuscitando a saudade
Das tumbas da memória.

Eram umas notas assustadoras
Embreadas nas luzes
Que diluíam as mágoas
De um passado sem volta.

Era a música
Contundente ao passear nas alamedas;
Há jardins que choram,
Ou se espantam com as bromélias.

Era o piano eterno
À fenda de um momento aberto
Pulsando meu sangue
Em seus martelos herméticos.

De irrigar as lembranças
De luzes mais ao foco da essência,
Destruindo o que fui,
Para renascer os meus cristais...

Ives vietro

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Perdão

Derrame o fel que faz bem.
Não era maldade, era cegueira,
Na luta de uma vida guerreira,
De alguém que agora não se tem.

Doaria até o mais caro objeto
Se fosse para ver sorrir um pobre.
Dos entes um lúmen que era nobre,
Sem o ego vaidoso e tão abjeto.

Mas o tempo não volta, tão frio que é.
Então é agora o portão da luz.
Se passa um pobre, façamos com fé,
Assim fazia o enviado na cruz.

Espírito é luz, matéria a escuridão;
Quando queremos chorar aprendemos
Que quem ensina é o coração.
Vá, brilhe. Diz a vida. Nos entendemos...

Ives Vietro

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Doenças mentais...

Crescem em todos os pontos do mundo as doenças mentais. Se de um lado conquistamos o que idealizamos como feliz, do outro algo que se desajustou reclama que a tal felicidade não é suficiente para manter a saúde mental. Muitos psiquiatras, psicólogos, agentes de saúde, estão em busca de respostas, e o que pude perceber é a volta de um pensamento que parecia estar adormecido: o pensamento da compaixão. Vi a própria Ana Beatriz Barbosa, grande psicanalista, dizer que além de aceitamos o fato de que viver é também, muitas vezes, uma angustia, é preciso que pratiquemos a compaixão para que o cérebro busque outras áreas que possam contribuir para a saúde mental. E vi também alguns pensadores como o Filipe Pondé dizer algo muito interessante, "Os cientistas estão estudando o que as nossas avós já diziam acerca da solidariedade". Enfim, talvez a infantilização do mundo tenha feito com que fiquemos menos tolerantes com as dificuldades. Que possamos crescer, e ensinar às crianças que a felicidade boa é aquela de mãos dadas com a poesia da vida! beijos ives vietro

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Força gente.

Não vamos abandonar a escrita, pois ela traz benefícios tanto à sociedade como ao indivíduo que tenta se apartar dela. E no Brasil onde ainda atiram sofás nos rios só os livros podem alcançar a mente dos humanos que insistem em acreditar que a Terra é um reservatório de lixo. Que possamos nos desapegar do capitalismo selvagem e construir algo com o minimo que a Terra pode, ainda, oferecer. beijos

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Sombras e tempestades

Preso pelas neuroses, oh Platão,
Via nas formas aparentes celas.
Havia luz mas se calou nas velas
Antes de iluminarem a minha razão.

Marionete entre tantos pensamentos,
Via no vazio o amor que se revelou.
Lutei contra a correnteza mas se afundou
Uma alma a mercê de encantamentos.

Eram uns olhos, dois feitiços lentos,
Do fundo da caverna eram uns tormentos.
Só pude me perder completamente.

O sol deixou de ser o astro-rei,
Internamente não sei porquê gelei.
Só sei que amei infinitamente.

Ives Vietro

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

O inesperado

Singro ares inusitados
Sem o estoico preceito.
Creio na virgem asa,
Sobre as naturais falésias.

Dispenso a gramática,
E os principados da aritmética,
Tenho na inocência,
Meu telescópio mais afinado.

Com os dedos do espanto
Prefiro do inusitado reunir
Minha originária essência volátil,
E esculpir a alma da matéria.

Pobres na cadência geral
Nu de digitais de outros.
Com umas lentes loucas
Para me achar na paisagem.

Ives Vietro

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Estrelas flutuantes

Sob a vênia da constelação
um sacro andante me achou.
Era a sonata de Mozart
num dos palcos do coração.

Do alto, sobre os dedos,
Deus exalava-me o pó de luz,
cachoeirando ao piano,
águas arrepiantes, de muito antes...

Composição reluzente, flutuante;
veio do céu noturno.
Veio decompor o aroma branco
e tornar sete vidas, vivas...

À mesa o vinho rubro,
disse que o brinde seria eterno,
e que o instante musical
dispensava as peles da alma.

ives vietro

quarta-feira, 27 de março de 2019

Poesia

Pulcra sob as fleumas da música
Brilha ao redor da essência da arte.
O pintor se ilumina com sua Voz,
em asas de pinceis sobre os prados.

Ela é a alma de toda criatura,
Inspiração divina na escultura eterna.
Nasce bela como a lua cheia
em halos que laçam à noite o andarilho.

Sem rimas ou ao campo harmônico
Expressa em vates o que clareia livremente.
É a imortal batuta das batutas,
pincel dos pinceis antes da tela pronta.

Está crua, nua; poderosa, airosa,
muito fértil nas mãos dos mediadores.
ela é a alma sobre tantas almas...
Ela é a luz das luzes sobre tudo e todos.

Ives vietro

terça-feira, 12 de março de 2019

Carência

Em meio aos torpores do sono,
talvez ainda à margem do sonho;
antes de voar nas luzes constantes,
ou além dos sentidos tão contentes...

O vento retumbou, o tempo parou,
nácar de pétalas escritoras me laçou;
Espírito ou pele das pérolas brilhantes,
Ela arfava entre ardores delirantes...

Meus braços dançavam aos ares
Enfeitiçados pelos astros e seus pares;
Espectro de aspecto sedutor
ela me beijava com as labaredas do amor.

Lá entre as chamas do paraíso
o sentimento se levantava tão preciso;
cá as chamas solitárias acordaram
vividas forças que meus beijos sonharam.

ives vietro

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Antes de magoar...

Antes de virarem magoas
Ofensas ou pobrezas de espírito
As palavras impingidas
Mitigaram-se no meu espaço sideral.

Estenderam-se
Entenderam-se

Com as estrelas experientes
Com a lua que gira continuamente
Com o sol da manhã reticente...

Ives vietro

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Importâncias

A parte do sonho que lembrei
é a luz com as outras partes que sonhei.
Quanto cresço, quando cresço,
sou o nauta desse espelho infinito.

Estilhaços de lágrimas derramadas
retornam ao véu de Sua magnitude.
Quando cresço, não vejo em partes,
vejo plenamente ligado aos anjos.

O composto do que sou, e sou,
o que a memória resguardou.
Um ritmo de estrelas irradiantes;
sim, viemos de muito antes.

É uma pessoa que se aproxima,
e que o espírito reconhece ao arfar;
É a luz que liga o meu sonho,
aos milhares de viajantes comigo.
ives vietro

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Quase quasar

À penumbra se fechava ao se ouvir,
minha doce, suave, luz das estrelas.
Havia mil vontades no afã de se abrir,
e o amor pronto para amar todas elas.

Um olhar desejoso e cativo marejava,
à procela distante, de além das trevas.
Eclodia-se como a luz e navegava
doce mulher às fleumas de minhas velas.

As águas do meu rio vincava a pedra
na face branca se alumbrava repentina.
Aos poucos a luz se abria aquarela,
de um quase quasar à estrela vespertina.

Falavam as luzes! Ahh mulher, essência.
Ouvir a beleza de um amor é o infinito,
e se deixar levar pela leve fluorescência,
é abrir as comportas ao que é mais bonito.

ives vietro

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Sopro

Período fértil
é trágico na essência
de uma morte
de um corpo
cuja alma
mergulha
na infinitude da arte.

A angústia
desloca o anjo
que afina
mil pesadelos andantes.
À efígie imortal
a música
de eternos compositores
não morre.

A dor
à batuta surda e reticente
traz a seiva do amor
esculpido no violino
em ouvidos penitentes.

O mesmo choro traduzido,
o mesmo coro produzido,
nas mãos de um anonimo se revela
nas de Mozart vai à lua...

ives vietro

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Despedidas

Ecoará das éclogas
vibratos ensandecidos;
Às sombras ocultas
chorarei flores mortas.

Lembrará o adeus,
o arrependido banco vazio;
Lembrará o que não foi
o imaginário calor da vida.

Alguém de alma santa
habitará o arrependimento,
alguém que era a luz,
e não a vimos diante dos olhos.

Alguma razão langue
uma loucura amedrontada,
todas flores mortas,
num jardim de cegas despedidas...

ives vietro

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Energia

Cada letra é feiticeira de si mesma,
Cada sílaba é o sino da energia,
cada palavra ensolarada é bem vinda
cada verso traz o que lhe aflora.

Bate como tambores enigmáticos,
bate o coração o ritmo afeiçoado,
bate a luz sobre a triste tarde fria,
bate a poesia um bramido necessário.

Traz inspiração ao véu da concentração,
traz vontade de realizar-se com emoção,
traz rimas na tangente da livre realização,
traz alivio ao berço da vida, o coração.

Simples dedilhar de auras brandas,
simples entardecer de encontros poéticos,
simples desejo de amistosos abraços,
simples pontes nos ares da energia.

ives vietro

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Irisações

Decompôs a luz
em sete ilustradas cores
Uniu a beleza
aos luminares da arte.

Próximo da alma
o sopro da criação,
de olhar atento
reescrevendo a razão.

Ensejo da paixão
querer o que nos falta,
reescrevendo a vontade
à luz da noite alta.

Fantoche do destino
boca silente e ajoelhada
Quando faz arco-íris
sou o plasma de luz atada.

ives vietro

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Amor

Impulsiona a luz
que estava bruxuleante
nas paredes do peito.

Lapida o cristal
que se deságua nas superfícies
dos lagos dos olhos.

Adentra fundo
com as propriedades santas
da verdade e da justiça
nas cegueiras do momento.

Atente e responde
os chamados sedentos por amor
e só o amor
responde e atende o coração.

ives vietro

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Fonte eterna

Sentada à falésia
infinita mente se aprofundava;
No arrebol o zéfiro chamava
Lindos olhos ante a maresia.

Intuições, instintos, e pensamentos
a lua sempre habita esses momentos;
Delicada mulher dos meus sonhos
Dos anjos são as luzes do que somos.

Ao meu lado a nívea rosa chorava.
À magia também sorria e recortava
quadros de reminiscências desdobrados
Vates que aos sentidos são lançados.

Fremia mas abraçava o firmamento
Meus laços, em seus braços são o alento.
Antes, hoje e na vereda dos velhos ventos
choramos sorrisos dos novos tempos.

ives vietro

segunda-feira, 12 de março de 2018

Lua

À luz o beijo da lua
irrigava as artérias da Terra;
Estro da mensagem
alumbrar assim os perdidos.

Natural e de aura crua
romântico e avassalador;
um beijo de magias
desceu à noite os arcanjos.

Cartesiano laço perfeito
simétrico na matriz da flor;
entre lábios eclipsados
lançaram o risco da criação.

Arcano de silêncios doces,
veleiro da noite dos apaixonados;
o caos para a harmonia,
o sol no espelho da existência.

ives vietro

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

O caminho ético.

Se duvidas do caminho ético
e do sabor da tarde que rola nos ninhos;
os pardais apaixonados pela terra,
um calor de chuva anunciada...

um romantismo ao criar da prole
o sentido da vida na ancestral mansarda
o joão de barro manso e poeta
desfila o arranjo da casa no amor eterno.

A alma das coisas olhadas,
Um rio que canta às cachoeiras e pedras,
estalos de bicos dos bichos felizes
no caminho de um amor integro-inteiro.

Num rito de ritmos que ensinam
o tom das rosas e o beijo dos beija-flores.
a festa celebradora deste amor que não treme
diante do inverno se vier nevando...

ives vietro

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Telepáticas forças

Desloca o ar as fleumas distantes
Sei dos zéfiros o chamado noturno.
Lágrimas ecoam, escoam na chama,
Molham a alma de quem lhe adora.

Vela destemido o guardião eterno
Sempre que chorar estarei consigo;
Seja entre peles, serei entre trevas
Vigilante ouvinte do seu triste pranto.

Faço-me de ponte às luzes que exijo.
Dou-lhe minha energia, o meu sangue.
Entro pelos seus poros com a alma
Possuo a sua esfera, pois me pertence.

Ives vietro

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Fábulas?

O langue esboço da realidade
Manchou minha alma tão sonhadora.
O frio das angustias me abraçava
Na lida pesada entre os anônimos.

Via na arte a cela dos amantes,
A livre escolha dos desprendidos.
Assim eu olhava, assim eu sonhava,
Com fábulas cheias de realidade.

Até que o amor desceu do altar
E me viu tão só entre os derrotados;
Até que o amor se fez verdadeiro,
humílimo de rastos entre os sonhos.

Então o desenho da fantasia real
Desceu em forma de luz milagrosa;
Entre as artes somos os lembrados
Dispares loucos e apaixonados.

Ives vietro

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

afinidades

O arrepio inesperado
num ramalhete de sensações
meu bem apreciado
na clara rosa das recordações.

Incrustado na alma
os atalhos das cerejeiras em flor;
Inusitado é a calma
renascendo diante do eterno amor.

As águas do riacho
melodicamente se desbocam em ruídos;
lentamente se expressam
aos sentidos e nunca cessam.

Num crescendo se queiras ver
o ramalhete de rosas.
Até o veio das flautas tremer
simples notas dos arcanjos.

ives vietro

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Feliz natal e próspero ano novo.

Bem amigos! O ano que passou foi positivo em muitos pontos. Num deles foi que consegui realizar minhas primeiras publicações em duas antologias, uma em Portugal, outra aqui mesmo no Brasil. Continuo fazendo grandes amigos na área da literatura e assim criando raízes para novos trabalhos! Sou muito grato pela escola que é o blog e aos amigos que fiz aqui, neste espaço onde pratiquei muito aquilo que mais gosto de fazer: escrever. Grato, muita paz e feliz ano novo a todos, abraços

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Pôr do sol

Retumba no horizonte
a espádua do romantismo;
Uma noite de franjas
com estrelas "vitralinas".

As andorinhas festejam,
a graça diante das janelas;
descrevem no rastro
a silhueta da calmaria.

Tão longe dos homens
assim ensinam o que importa;
tão perto das pétalas
a fotossíntese nos olhos.

ives vietro

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Fluxo

O efeito das canções
cicatriza antes de perdoar
E toda vez que perco o ar
sinto não ser nada a magoa.

Os valores morais, a vaidade,
minha falta de humildade
o que são diante da clara boia
na fisga das canções eternas.

A força desprendida e crua
ama o simples teor da luz aberta;
Simples assim, sem razões,
no singelo fluxo maior que os homens.

ives vietro

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Defesas?

Sucumbe as defesas
a saudade de um amor que é de verdade.

Dobra-se os joelhos,
e os olhos pincelados de espelhos
não resistem e pedem

uma poesia
uma palavra
uma letra
um signo ancestral
um gesto que revele

uma pontinha de um afeto mendigado
uma gotinha de uma magia
que pode reverter o jogo inteiro...

ives vietro

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Admiração mútua

Caminha ao lado hoje e sempre
Enleio destinado a forças livres.
Amor verdadeiro é por inteiro,
de gostos unidos nos afazeres.

Assim linda Dama sorri estrelas
A me ver tocando minhas orquídeas.
Reluzem na essência o nosso laço,
Alumbradas fleumas consagradas.

Assim quando sonho deslumbrado
É tão acordado que me encontro.
Ao vê-la compor poemas bordados
De boca aberta sorrio estrelas.

Admirados olhos desprendidos
Seja o que for, simples trabalhos.
Do céu é esse dom de apaixonados,
Da natureza o elogio dos nossos olhos.

Ives Vietro

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Chuva

A chuva riscava um desenho na vidraça.
Lá fora o pardal cantava entristecido,
Cá dentro éramos o reflexo do vento:
Dois bichos unidos na escala do tempo.

Lembrávamos do sol de outras eras;
Energia de fogo pairado nos sentidos.
Mudança de matizes, cor do movimento;
Aquarela de lembranças na janela.

Então um raio sinuoso vazou as nuvens,
Elevou a escala sagrada dos andores.
Nossas almas carregadas pelos arcanjos;
Pinceladas de luzes em meio às trevas.

Ives vietro

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Espelho meu

Diante do espelho
no sonho dos sonhos
um homem calado
sentou-se ao meu lado.

As portas fechadas
janelas quebradas
Uma voz tilintante
abriu-se num instante.

Dizia o homem
"Os pássaros selvagens
descobrem os atalhos;
descubra os seus galhos".

Consciência encarnada
apresentava a jornada
além do que eu ouvia
era a luz dos meus galhos.

"Desprenda-se da matéria
atira-se na artéria
das luzes humanas".

ives vietro

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Muito azar

Sempre reparei que as coisas que o meu pai faz são de fundo inocente, mas muitas vezes, por azar, tomam um ar de provocativo. Bem, a questão acerca do azar é uma outra história, digna de outro texto, mas agora, quero me referir ao meu pobre pai em relação a esse azar em potencial que ele tem. Certa vez, lembro-me bem, ele foi bater uma bolinha de borracha no chão, e num efeito inacreditável, a bolinha saltou bem na cristaleira na minha mãe. Minha nossa, minha mãe é descendente de Italianos, vocês não imaginam o pau que isso deu. No fundo, meu pai não teve culpa, mas vai explicar. Domingo retrasado a coisa voltou a escurecer aqui em casa, e novamente, com as mãos do azarado do meu pai. Ele gosta de brincar, aprendi com ele a levar as coisas na esportiva. Mas, não deu certo a tal brincadeira. Então, o Sr Ives, escondeu o pão Italiano embaixo da cadeira da cozinha. Minha mãe demora horas para fazer o delicioso pão. Mas, gente, na hora de voltar o pão a mesa, quando minha mãe já havia sacado que fora ele com "a bobeirinha", como ela diz, o pão não estava mais lá, a Kiara, a nossa nova moradora daqui de casa, uma cadelinha esfomeada, simplesmente pegou o pão e o devorou em frações de segundo. Dessa vez meu pai dormiu no sofá, e confesso, que mais uma vez ele não teve culpa, mas vai explicar!? beijos

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Comédia

Meus amigos me convidaram para participar de algo inusitado sábado passado, tirar mel de um caixote que o Senhor da fazenda vizinha ofereceu ao Afonso, um amigo nosso. Então, depois de tomar umas geladas, fomos lá, ao meio do mato experimentar o que o Senhor da fazenda disse ser uma verdadeira adrenalina. Sem roupa apropriada entramos pela trilha espessa e lá no fundo do vale estava um caixote silencioso. Era noite, e as corujas nos espreitavam curiosas. Um farolete minusculo gerava a única luz, escassa luz que tínhamos. O Afonso deu uma pancada no caixote, apenas para acordar os poderosos insetos que num segundo acordaram, e o pior, cobriram o caixote todo. "Meu Deus". Minha interjeição de espanto clamava logo o Senhor, pois as abelhas começaram a voar por todos os lados. "Fogo, traz o fogo". Gritou o Afonso que disse que já havia levado algumas picadas, mas que por estar meio de fogo não sentia nada. O Afonso disse que a fumaça deixaria as abelhas bêbadas, mas quem estava bêbado era ele; o louco virou o caixote e disse: quem correr é fracote. Até então eu não tinha tomado nenhuma picada, e puhhf, duas de uma vez na perna. Gritei pelos amigos, quase todos já tinham se mandado, só estavam, eu, Afonso, Marquinhos e o Osmar, os que mais bebem mesmo. Aí virou uma questão de honra levar o mel, afinal, as esposas deles estavam lá no pesqueiro da fazendo a espera dos machões. Infelizmente não suportei e dei com as canelas na mata, mas fiquei observando de longe aqueles loucos, que a principio era para ficar em silêncio, porém, eram gritos tão escandalosos que até as corujas riram. Mas logo vi os caras todos, estavam bem sujos e inchados. Traziam com muito esforço o tal caixote, que para o bem geral na nação estava, realmente, cheio de mel! abraços

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Aranha

Caiu a teia da aranha
O vento retumbou no horizonte estrelado
E antes de raiar o dia
A armadilha estava pronta novamente.

Entre pontos de apoio
De uma estrutura gigantesca
Estava a aranha pronta
Para ensinar os olhos humanos.

Enquanto reclamavam
Não viam os homens que o dia amanhecia
Nem que
de certo
A aranha trabalhara a noite inteira.

Ives vietro

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Os dois Orlandos.

Não há nada mais real do que o mundo dos sonhos, pois foi reconstruído com o desejo que assim fosse, mas não é? Há nomes que vão e vem como as ondas de um mar conhecido cujos matizes perseguem os recônditos mais secretos da alma. Sonho do sonho que volta. Lembro-me bem de uma namorada que tive na adolescência. Ela era astuta como ninguém, e vez ou outra mentia descaradamente. Porém com medo de avistar a crua realidade não tirava dos olhos as camadas que envolviam a aparente beleza. Um ex namorado vivia lhe rondando a casa, e não raramente o via subindo a rua daquela que eu sentia paixão, uma paixão de criança, que entrega todo o coração sem cobrar, sem ver, sem ir além da suposta crença no humano. O nome do ex era Orlando. Tinha os cabelos longos como os meus. Era econômico com as palavras ao falar comigo. Por inocência minha tinha-no como um bobo qualquer que vivia maltrapilho pelas ruas. Foi numa tarde de sol vermelho que a minha namorada me disse que o tal cabeludo era o seu ex namorado. Subiu das trevas um olor de enxofre, mas como não queria ver, segui adiante com o meu ledo caminhar. Certa vez, cheguei a cada dela, e lá nos fundos estava o fulano a confabular com a mãe. Lógico que aproveitaram os exs para descontrair lembrando de velhas frases românticas as quais recorrem os que foram tomados por essa eferverscência da paixão. Dalila não se fez de rogada para apressar a minha despedida. Da rua pude ouvir os ecos de gargalhadas a minha cerviz. Fui radicalmente humilhado num idade em que não aceitava, ainda, as vilanazes do espírito. Mas é cruel a indiferença, imagine a poeira que nos transformamos sendo um brinquedo dos ciumes. Tivemos um final trágico, mas essa parte da história, não ouso revelar. Após vinte anos encantei-me por uma menina aparentemente bonita, a qual eu poderia novamente sonhar com este humano contado nos filmes pelo viés da positividade, cujo final remota a felicidades possíveis. Eu não queria apenas sonhar, mas queria viver dentro do sonho. Uma menina que vibrou a corda íntima da canção de fazer arfar o pulmão. Era capaz de muita coisa, menos recuar nas minhas crenças religiosas, menos no fator que mantem os casai juntos: a fidelidade. Quando comecei a conhece-la melhor, falou-me ela de um amigo muito pessoal, a qual escreveria até a resenha para o livro dele. Achei a principio tão recorrente esse trabalho dela, que não liguei nada a nada, mas quando ela disse que o tal se chamava Orlando, acendeu-se em mim uma mácula tão profunda. Quando fui vê-lo na internet gelei ainda mais, o fulano tinha o mesmo ar do outro Orlando que me traiu. Um aspecto de safado, com uns olhos esnobes. Certa vez, A..., deu-me a senha da página dela da internet, acho que com o intuito de provocar-me quando visse a conversa dos dois. Era algo amistoso, íntimo, onde ela a chamava de meu amor, minha queridinha, minha princesinha. Meus Deus, como eu gelei por dentro. “Mais uma vez diante da Cruz, o que queres, meu Deus”? Um nome igual, a conversa igual, as suspeitas iguais...! Não pude conter o ciume como faria o frio jogador. Declarei a minha dor, e a minha desconfiança. Acho que são poucas coisas que fazem alguém recuar diante do amor, uma delas é a certeza de que se pode sofrer mais ainda no futuro. Fiz um pedido simples. “Não fala mais com ele assim”. Só isso. Ela disse que cederia e não falaria mais com o tal Orlando. Mas como o mundo da voltas, certo dia, peguei novamente a senha da página dela, e não é que os dois continuavam com a intimidade total, agora com resquícios que eu não podia ver: os dois conversavam horas pelas câmera. Recorrentes erros são traços de uma personalidade a qual cabe aos psicólogos trabalharem. O que pude fazer? Desta vez com a maturidade da idade, apenas disse que terminaria ali o nosso namoro, apesar de a mar mais do que a qualquer outra mulher que passara na minha jornada. E coloquei um final no sonho que não decolou, que não deu chance de virar a realidade que construímos. Às vezes caímos, mas há temo de levantar, de reconstruir sempre os novos sonhos. Ives vietro

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Integridade

Sua singela fisionomia de íntegra Rosa
Inspirava-me almejar os mesmos passos.
Merecendo o néctar dos seus lábios íntimos
Concebi a áurea azul de tal divina prosa,
Quando dos lábios os olhos em seus traços
Diziam ornamentando nossos ínfimos laços.
A timidez no interno pranto sem as lágrimas
Luziam as esferas que só com amor percebemos.
Ela chorava sem chorar por encantos pequenos.
Era só falar das flores murchas no canteiro
E seus olhos como daquilo que todos padecemos
Diziam tristezas que choram no mundo inteiro.
Mas a Bela, era ela, em sua excelsa formosura,
Sem temer mostrava a luz da força de querer
Ser transparente na livre coragem de se sentir.
Diante do seu amor era essa a sua leal postura
Dizia sem saber da luz na essência de ser
Rara flor de púrpura face sem saber mentir.
Ives vietro

sábado, 8 de julho de 2017

Menina

Lembro-me bem da menina que esteve a minha frente durante alguns meses num passado não muito remoto. Antes de vê-la pela câmera da internet imaginei que se tratava se uma pessoa misteriosa, e que por não querer ceder informações sobre si tão facilmente, fazia uma espécie de jogo comigo. Atribulado pela cidade grande, pelos vícios que não enxergamos mais, não podia acreditar que ainda existisse algo singelo assim. A menina que a principio mal respondia as minhas indagações, passou emitir alguns grunhidos tímidos. Sua face rosada dava aos olhos azuis um espelhado divino, e sua boca naturalmente amorangada ornamentava um semblante inesquecível. Mas ela teve que me atrair ao seu universo para que eu pudesse entendê-la melhor, pois eu não podia suspeitar que tal menina linda pudesse ser tão inocente dentro de um casulo extremamente rico. Quando pedia a ela que me mostrasse a fazenda onde morava ficava aturdido ao ver as galinhas, porcos, vacas...! A casa que morava a família toda era grande. Panelas dependuradas no telhado davam um charme especial a cozinha muito requintada. Fazia queijo para vender, e quando a vi colocar as mãos na massa para preparar tão iguaria derivada do leite fiquei extasiado ao ver o esmero da menina delicada. Suas mãos de pele grossa representavam a força da mulher sertaneja; Seus pés eram rachados, cujas unhas jamais haviam sido pintadas. Ela trabalhava muito e o pouco tempo que sobrava ficava mostrando a mim a rotina de uma vida feliz, sem as malícias próprias de quem se acostuma à pobreza de conviver com pequenos ou grandes delitos. O que eu sabia? O que eu havia lido não representava nada diante daquele silencio da menina ao olhar-me pela câmera sem mal abrir a boca. Dizia-lhe apenas para nunca deixar de ser a beleza que era, e que não permitisse jamais que alguém a destratasse. Após alguns meses descobri que a menina começou a nutrir por mim um afeto diferente, de quem queria mais do que a simples amizade. Olhei-me no espelho, e ao refletir profundamente, resolvi me distanciar um pouco da menina. Não podia tocar naquela inocência. Apesar de ser tão bela, e apesar de atrair-me àquele universo lindo, não pude ir adiante. Descobri há pouco tempo que ela se casou com um menino de sua terra natal. Fiquei muito feliz ao saber que continua a fazer queijos e a seguir a rotina de uma paz que só existe dentro de casulos gigantescos, com a riqueza da simplicidade. Ives vietro

terça-feira, 27 de junho de 2017

Signos?

Não disponibilizo o melhor de mim
que fica sob o salgueiro orvalhado.
Feliz por nem haver signo correlato
que desprenda a luz das pedras.

Desce o riacho um peixe passageiro
um feixe de luzes em letras o que seria?
Para, paira. Carpa de couraça Santa,
Ave do riacho no avesso da terra alta?

E a, e há necessidade de esboços
o afã de desenhar o que resvala nos olhos
um pouco da poção, da porção da magia
talvez chamem isso de vontade e poesia.

ives vietro

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Pura essência

Em meus arquivos mais internos
o melhor filtrado nas feridas
é oferecido nas turbulências da vida.

Um sorriso paciente
que elege o melhor presente
anela inserir o remédio:
um verbo lançado com todo empenho.

O máximo que tenho
é puro de essência filtrada
o desejo de não vê-la
nas mesmas dores machucada.

ives vietro

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Passagens

Ensina-me ohh luz dos segredos
Herméticos sonhos entre os desejos
Lidar com os reveses do espírito
Ouvir os signos das tramas do tempo.

Negados elogios a flor das flores
Decaíram-lha a autoestima do rosto.
Tez de alabastro que os anjos invejam
Beleza que também não ousei elogiar.

Frágil porcelana de eterna substância
Sou de sua estampa o melhor escravo.
Preso por dentro na cela do momento
Ciente que voaria logo como o vento.

Empurrei suas asas contra o tempo
Com calos em seus medos mais internos.
Com feridas no casco de um navio eterno
Levará de mim um risco no rosto feérico.

Ives vietro

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Mãe

A harmonia no espelho dos passos
Da mãe é a voz a luz e o caminho.
Serena justiça embreada nos atos
Somos a mãe no âmago dos fatos.

Se há sabedoria nas vozes dos sábios
desceu pela veia num pulso de Anjos.
Pela boca divina é o balsamo das dores
Eco encarnado adornado de flores.

Instinto de proteção na aura da vida
película azul rendilhada de oceanos,
Simples palavras que navegam os mares
na boca de mãe revelam os mistérios.

Ives vietro

terça-feira, 9 de maio de 2017

Livre

Que nada impeça
que eu pincele
uma simples borboleta
no avesso do caderno escolar.

Que nada impeça de
apenas voar, flutuar, quem sabe?
costurar simplesmente a roupa velha
chamar de grande o que foi feito por amor
que nada me faça esquecer
o pacto jurado nos traços alados talhados no tronco queimado...

A borboleta voou, olhe bem.
Salta abismos que inventaram
o grilo falante bordado
na lembrança dos meninos

ives vietro

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Entrelinhas

Seu semblante tenso
vinha traduzir o amor
no desencontro marcado
ela sofria ao falar
daquilo que causava dor.

Garbo silêncio dos olhos
vinha esbaforida explicando
rubra de rosto molhado
linda, preocupada, me amando.

Respondi com a saudade louca
um silêncio equivalente
e de essência tão contente
nem ouvia ela falando.

ives vietro

terça-feira, 18 de abril de 2017

Conto

Uma menina muito jovem pousava os olhos em mim. Olhos vítreos, translúcidos, transparentes. Dentro deles havia a luz das essências. Respondi com um sorriso tímido. A beleza da menina me espantava. O universo todo incentivava os meus passos na direção daquele olhar convidativo. Não conseguia, meus pés estavam presos no gelo das emoções. Parece que sabemos das similitudes no instante perfeito. Havia estrelas naquele descampado cheio de pessoas iludidas pelas canções que ecoavam de um carro qualquer. Meu amigo, ao meu lado, percebeu o olhar da menina, e me incentivou a pousar naquelas graças iluminadas. Não tive coragem. Mas o sopro do universo veio com as suas magias na boca do momento. Meu amigo adiantou-se rumo à menina que parecia usar os instintos mais profundos para entender as primeiras palavras dele. Claro que diante da beleza as ideias ficam ofuscadas, e não foram diferentes, as ideias que adentraram as inspirações do meu amigo. Esse não se fez de rogado ao tentar investir na menina que olhava em outra direção. Tudo bem. O universo manda na ordem das coisas. Meu amigo voltou pálido. Disse da menina coisas estranhas, coisas que logo decifrei com laivos da mentira. Passados alguns minutos, voltei a cruzar-me com aqueles olhares feéricos. A sagacidade do desejo brotou na menina a coragem de avançar as linhas do desconhecido. Foi quando estava sozinho que ouvi o sonido quente de uma boquinha vermelha parecida com um morando maduro. “Sozinho”? Perguntou a pequena que se lançava no universo. Amei. Disse logo que estava gélido, ao que ela tocou as minhas mãos para provar que ela também estava. Sorrimos um ao outro com uma leveza de flores. Reconhecimento, reencontro na clara luz da noite. Convidei-a para darmos uma volta, e sob uma árvore perdida paramos os nossos corpos quentes, suados mais pela a atuação do desejo que pela caminhada breve. Sua boca tinha sabor de mel. Os toque delicados que trocamos estavam cheios de respeito. Toques carregados de magia, toques imortais na minha poesia. Então, começamos a namorar. 2 Ela me ligava quase todos os dias quando começamos a namorar. Às vezes em horários inusitados o telefone tocava e uma voz melíflua logo era reconhecida como sendo da menina mais doce que conheci. Nosso primeiro reencontro foi sob-holofotes de transeuntes que não paravam de observar-nos. A paixão causa não só curiosidade como vontade de ter e estar entre laços tão divinos. Ela usava roupas extremamente sensuais. E jamais vou me esquecer de um coelho bordado em sua calça muito curta para a época. Lembro-me também que usava de pretexto tocar o animalzinho antes de tocar aquela pele fresca. Mas logo a menina impedia sorrindo cristais pelos olhos. “Não me toque”. Essas palavras subiam às minhas entranhas afogueando a minha face penitente. Aquelas palavras me convidavam ainda mais a penetrar-lha nas profundidades ocultas. Foi nessas divagações distantes que comecei a sofrer por uma ascendência moral que vinha visitar-me. “A menina é extremamente jovem, I...”. Voltava das divagações com a menina diante de mim impedindo as minhas mãos que escalavam a cada encontro mais distante aquele corpo que cheirava a morango doce. Minha consciência pesava hermeticamente sobre as minhas “ousadas” tentativas de ir mais longe. O pior, e o que corroborou na minha decisão que logo se verá, foi o telefonema de sua mãe. Ela estava completamente preocupada com a filha que não comia, nem dormia mais. Queria saber da família as suas virtudes. Minha mãe tentou acalma-la, mas não foi o suficiente. As mães conhecem os filhos. Fiquei estarrecido. Sabia de fato que a menina queria consumar o nosso envolvimento, mas sabia também que a luz que batia na minha consciência era forte demais. E foi essa luz que me fez romper o namoro que até ali duraram três meses. A pobre menina ajoelhou-se com lágrimas que sempre vão escorrer, na verdade, pelo meu rosto. Pobre menina. Sua mãe chegou a ligar e pedir uma vizita a pobre que definhava. Mas achei melhor não fazê-la, pois em vez de ajuda-la, jogá-la-ia ainda mais no fosso. Fiquei realmente triste. 3 Passaram uns dois ou três anos quando uma bela tarde de primavera o telefone tocou. A voz melíflua que nunca saiu da minha cabeça começou a ser ouvida em suas dimensões mais profundas. “Oi, I....” É a A..... lembra de mim?”. Fiquei aturdido, mas respondi logo que sim, que lembrava dela perfeitamente. “Preciso dizer que esses anos foram duros para mim.. Arrumei um namoro que agora me dá um filho. I... Hoje vou me casar. Quero apenas te dizer algo. “Se disseres que me ama, desço do altar”. Mergulhei no passado, refleti no presente, e lembrei-me do quanto era bela aquela menina, e do quanto a doçura parecia ainda envolver-lhe os encantos. Disse a ela que sentia muito, que havia esperado seu crescimento, mas um namoro repentino com outra pessoa impedia a minha resposta positiva. Mas confesso que fiquei tentado, muito tentado. Podia ter mantido contato com ela, podia ter esperado o seu crescimento, mas as coisas seguem uma cadência que não entendemos bem. Eis o universo. Aprendi algo com esse precioso telefonema. Aprendi que qualquer pessoa não esquece o primeiro amor. Aprendi também que a perda da virgindade não é o que fica na memória e sim o primeiro amor da gente. Com o tempo descobri que a minha resposta negativa a menina foi um erro, pois nunca deixei de ama-la. 4 Passaram-se quinze anos, quando numa noite de sábado, outra amiga me telefonou me convidando a uma pequena festa em sua casa. Essa amiga, muito espiritualista, ria de alegria ao falar de mim aos seus convidados daquela noite. Entre riso disse o meu nome alto. O casal que estava lá ficou mudo. Mais tarde conversando com essa minha amiga, ela me disse que os dois entraram numa verdadeira altercação. E foi por causa do marido que a minha amiga apressou-se em impedir a minha ida a sua casa. Lá encontraria nada mais, nada menos que A...! Fiquei feliz de saber o paradeiro daquela que ficara gravada nas entrelinhas do meu universo. Fiquei sabendo através da minha amiga que ela adora Nazareth, e em especial a música Love Hurts. Em relação a essa música, um dia, numa casa abandonada, achei um pequeno vinil com apenas duas músicas, uma dela é o Love Hurts do Nazareth. Minha amiga conta coisas que a surpreendem demais, como o fato de a menina, que virou mulher, ser extremamente bondosa, e o marido, tirano. Tiro dessa história lições que não acabaram. E quem sabe a quais universos poderão continuar...beijos

terça-feira, 4 de abril de 2017

Entre a beleza e os olhos.

A gradação das cores
Ao infinito se expande.
Aprendiz de mistérios
Prefiro olhar de longe.

A evolução das luzes
Os ângulos mais agudos,
Os caminhos mais fáceis:
Prefiro ouvir primeiro.

Entre a beleza e os olhos
Milhares de mentiras
Ascendem das trevas:
Prefiro chorar primeiro.

Para saber se é diamante
É preciso depurar a terra
A sujeira detrás dos seres
Prefira limpar primeiro.

Ives vietro

segunda-feira, 27 de março de 2017

Aviso

Aviso tácito e discreto
Ao pé da orelha se entregou.
A lamúria da mulher enganada
Ao pé das sombras que passou.

Ao clamor da dor profunda
A folha clara, o documento preciso
A pobre inocente de mim levou.

Na confluência das emoções
um encontro de almas
a pobre inocente chorou
à sutil luz ao aviso o que vazou.

Ives vietro

sexta-feira, 3 de março de 2017

Aroma das rosas

O aroma das rosas
que as brisas deixaram
nas frinchas das almas...

O espectro noturno
que te acorda no fundo
do sonho lacrado...

o desdobrar do espírito
um encontro astral
deixa rastros no canto da sala.

ives vietro

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Vontade-amor

Esse querer incessante
Que em teus braços apaziguas
É a vontade oculta
Que teus laços refrigeram.

Essa aflição constante
Que em minha alma alivias
É a vontade louca
Suprimida em tua boca.

Antes da arte é a criação
o amor o lenitivo à dor;
É o pulso do sentimento,
é a inspiração
o nosso amor.

Ives vietro

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Seu sorriso ilustrado

Olá pessoal. Voltando aos poucos ao blog! Beijos

Seu sorriso ilustrado

Seu sorriso é um arpejo de cristais
Sonido dos sonhos entre os sonhos;
a veste de seu brilho é a gaivota
Que seus olhos seguem no arpoador.

Luzes revestidas do amor intenso
Aqui acolá o universo em seu regaço
Sonho entre sonhos de asas livres
Coralíneo ninho preso em seu abraço.

Pacto de luz com a luz é o sagrado
Deja vu em pleno sonho reencarnado
Entre lábios as fulgurantes estrelas
Viajam-me entre sonhos acordado.

Ives vietro

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Natal

As diferenças ficam mais evidentes
Nos dias em que o capitalismo
Promove os melhores banquetes

Na marquise das casas iluminadas
Os miseráveis sentem o aroma dos assados
Com água na boca seca de fraternidade

Os miseráveis sabem e entendem o Verbo
que nasceu numa manjedoura
e fora iluminado pelos vagalumes

Os miseráveis entendem a noite de natal
Com fome de fazer chorar
Mas são iluminados pelos vagalumes

Ives vietro

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Letras bailarinas

As letras dançavam na cachoeira das sensações
Enquanto os lastros das luzes
Inflavam lentamente a essência mais próxima.

Algumas letras aladas
Amalgamavam os meus sentidos
E explodiam as Via-Lácteas.

Tão divinos movimentos
Quanto os das bailarinas iluminadas
As letras viraram palavras
Que desceram pelos rios do esquecimento.

Deixando apenas
O que sobrou da efêmera primavera.
Um universo que só eu entendo.

Ives vietro

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Místico

Lembro-me bem das mãos quentes da mulher afetuosa. Ela tinha um sorriso contagiante. Era só a minha mãe dizer que era dia de benzer que eu e meus irmãos ficávamos felizes. Chegávamos a uma casa modesta onde a mulher nos recebia passando as mãos em nossa cabeça antes de colocar-nos numa sala enfeitada. Lembro-me de suas mãos quentes me tocando antes de serem elevadas ao ar. A mulher, cujo nome não me lembro mais, começava uma pantomima engraçada; ela começava a girar os braços e a fazer um sussurro estranho com a boca. Passavam apenas alguns segundos e uma sensação de paz tão profunda invadia-me a alma que simplesmente me entregava ao sono profundo. Minha mãe me acordava rindo com a mulher. Depois, quando era a vez dos meus irmãos, ficava tentando a ver como funcionava a tal reza, mas a mulher tinha olhos na nuca e me via a espiar por debaixo da cortina. Ela ficava um pouco brava e me mandava ir lá à frente da casa com a minha mãe. Mas era a mesma coisa que fazia comigo. Meus irmãos fechavam os olhos e dormiam também. Lembro-me do quarto colorido, de uma vela branca em cima da mesinha de centro, e uma imagem pendurada na parede. Sua casa era revestida por uns azulejos cujos desenhos eram umas estrelinhas ao centro. Azulejos que até hoje quando vejo iguais lembro-me da mulher afetuosa. Tive outras religiões no decorrer dos anos, mas nunca me esqueci daquela mulher que recusava o dinheiro que a minha mãe oferecia. “Faço por amor”. É o que ela dizia. Às vezes quando tenho um indicio de pesadelo, lá no fundo das trevas escuto a voz daquela mulher voltando com uma força inexplicável. Logo sou embalado na mesma paz que é o preâmbulo do sono profundo! Ives vietro

terça-feira, 22 de novembro de 2016

É mais fundo

É mais fundo
O gesto de plantar
a si entre as flores.

Semear as luzes
Colher pétalas nos olhos
Crescer iluminado.

É mais fundo
Espalhar paz entre os homens
Sem abrir a boca.

Ives vietro

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O que é solidariedade?

Sinto entre as pessoas uma dificuldade enorme em lidar com o ato de doar simplesmente. E eu não sou diferente. Dia desses fiquei entristecido com o fato de não ter sido convidado à festa de inauguração da casa do meu amigo que ajudei tanto. Doei fios, madeira e até revestimentos caríssimos. A grande pergunta que eu fiz, e que sinto que muitos fazem é: afinal, não doei de coração se agora estou chateado? Fico a imaginar como os grandes iluminados agiriam numa situação dessas. Após refletir muito cheguei à conclusão de que tenho sim um perfil solidário; estou sempre fazendo coisas pelos meus amigos, mas percebi que eu estava numa via de mão única. “Venha ao meu reino e ao teu reino nada”. Nas relações sociais conhecidas como virtuais o possível egoísmo fica mais evidente, pois a face da pessoa está toda encoberta. Não digo com isso que sou perfeito, longe de mim, mas vamos analisar juntos. No facebook as pessoas convidam a curtir páginas ou a entrar em grupos sem ao menos fazer um único comentário em sua publicação. E aí? Não, não chego ao ponto de agir radicalmente, não vou excluir meu amigo que não me convidou para festa, mas posso acender uma luz vermelha lá no fundo do coração. Afinal, ser amigo é uma coisa diferente de ser bobo, não é? Como Nietzsche diz, a maioria se antecipa para ajudar porque no fundo não quer ser lesado de forma alguma por ninguém, muito menos pela sociedade. Alguns psicólogos afirmam que no fundo criamos a ilusão de não conseguirmos impor nossos limites a certas pessoas que nos invadem, então nos adiantamos para não sermos lesados também. Não sei bem. Quero só pedir ajudar nessa questão que acredito não ser apenas minha! abraços

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Brasil

O dono do bar é um cearense de muito respeito e ai daquele que não ler nos olhos dele os limites do estabelecimento. Mas todos frequentadores de botecos sabem que é preciso ter muito cuidado com quem não se conhece direito. Entrei, cumprimentei com um bom dia sorridente, e todos responderam com o mesmo sorriso feliz, afinal, era sábado. Pedi uma cachaça e um torresmo quando chegou um Senhor simpático ao meu lado e começou a conversar daquela forma brasileira, sem pretensão nenhuma além da de jogar conversa fora. O meu novo amigo me disse que era da Bahia antes de ficar em silêncio... “Viver em São Paulo é difícil, ainda mais com a família longe”. Nessas horas não se fala nada, as lágrimas já estão fazendo o trabalho divino. Passado alguns minutos entraram outras pessoas no bar. O “Ceará” logo os saldou com aquele ar álacre próprio dos nordestinos. Essa turma vinha do Rio Grande do Sul, arrumaram emprego nos arredores e moravam ali perto. Eram muito divertidos também. A seguir o mais inusitado aconteceu: um senhorzinho sentou-se e abriu uma marmita. Estiquei o olho e vi berinjela em seu prato. “Adoro berinjela frita”. Disse ao homem que pegou do seu garfo e ofereceu com a mão direita um pedaço da iguaria, e eu peguei com a mão direita também. Lembrando que só de oferece algo com a mão direita e não podemos recusar. Eu sorri, e ele fechou os olhos de felicidade. Esse ar de Brasil, de brilho conhecido, de gente esfolada nas ruas, é o ar da solidariedade. Nunca ficamos tão apertados como agora nessa crise, mas não ficamos sem oferecer o nosso melhor com a mão direita. Sabemos de quem tem dinheiro e não oferece nada, mas apenas dizemos “Deus ajude” e seguimos muito felizes. Quem acha que vamos passar fome no bar está enganado, logo fazemos o rateio para comprar carne de primeira, carne de primeira. Bebemos e comemos até não aguentar, mas ficar bêbado é mal visto por lá, um bom bebedor aguenta a bronca e jamais fica cambaleando, quem ficar assim leva uma bronca do Ceará que trata até de manda-lo embora. Esse é o Brasil gente, um Brasil que está nas ruas, um Brasil de gente sem frescura, e que não deixa de ser solidário apenas para ser solidário. abraços

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Desencana espelho

Descansa e salta
Erros e acertos
Estão à espera.

Os erros fincam
as garras no aço
e os acertos no ouro.

mais raro é o voo
livre de si
de apenas se soltar.

ives vietro

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Espesso casulo

Espesso casulo inocente
Esconde Da terra a Semente
O algo cheio de “arroubos”

Arrependido, lacrimejante...
Agora, o amargo âmago traído;
Renasce sem fôlego retraído

Canta a ponto de eclodir
De romper os preceitos e evoluir
As notas Soltas do sentimento

Ives vietro

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Sábado profundo

O Vento gelado de saudade
Fazia-se de voz da natureza.
Os bramidos profundos do Sábado
Ferem muito mais o solitário.

Além do atlântico os ventos
De mistérios macularam meus sentidos.
Eram Vozes desabrochadas
Vozes das flores pelas ruas.

No avesso do mar distante
Um homem de pálidas lembranças
Do vento ouvia a voz do seu amor
exalada das flores pelas ruas.

Ives vietro

terça-feira, 23 de agosto de 2016

O instante

O instante feliz
Elevado no ar
É a luz da realização.

É o desejo distante
Que a luz conquistou
ao abrir os caminhos.

É a plenitude do ser
Na passagem das luzes raras
Que inspiram novos sonhos.

Ives vietro

sábado, 30 de julho de 2016

Desprendimento

Seus mistérios me levantam
trazem das crenças os humanos
Seus instintos as essências
fazem das ações as diferenças

Abnegar-se da matéria
Equilibrar-se no planeta
Soltar desejos reprimidos
Ajudar os mais sofridos
São emanações divinas

Sobre a sopa doada
no frio da madrugada
Sob o foco a luz sagrada
Anônimos solitários
Dispensam a propaganda

Ives vietro

sábado, 2 de julho de 2016

Energia

Deixe-me inalar a tua luz.
Às trevas o meu peito sofrido
Usa teus brilhos de madrugada
Ao sonhar com teus beijos.

Oh, mares, mares além dos mares.
Que dor de tuas ausentes luminárias.
Oh , flor, flor, além das flores
Sozinho, busco-te tão apaixonado.

Às nevoas madrugadoras tua face
Banha minha saudade de poesia.
Elixir dos anjos existires nos sonhos
Pois sem eles de certo choraria.

Ives vietro

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Lábios alados

Lábios alados oceânicos
Sobre os azuis dás águas
Voa a tua boca sonhadora.

Doce mel de versos
Banha tua pele de rosas
Flores da pura poesia.

Essência de alma poetisa
Vem de outro plano
Falar dos jardins que não vejo.

Voz de voos reencarnados
Luzes dos anjos verdadeiros
Em tua boca me encontraram.

Anja de asas iluminadas
Escolhida força que te alimenta
boca do espelho que precisas beijar.

Ives vietro

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Brasil.

Andando pelas ruas da minha cidade constatei algo cruel, triste. Falta mais ao Brasil que políticos honestos. As pessoas atiram pelas janelas o resto do que comeram: papeis de bala, latas de cerveja. As vielas entopem, os rios transbordam, o solo fica poluído. Acredita-se que o shopping é bonito, com lojas vindas de fora. Vendem lanches pequenos, e fazem fila para comprarem o que é supostamente da moda. Sugestionados pelo consumo, compram na TV a ideia de um capitalismo cruel, triste. Artistas famosos lutam com voracidade por pessoas que estão atrás das grades, e que claramente são culpadas. Falta o crucial, gente. Sejamos francos, as pessoas mais pobres não têm noção do que acontece lá em cima; ficam à deriva de um poder que tende à gama das grandes lojas, dos grandes conglomerados. O que podemos fazer, nós, o povo? Será que queremos olimpíadas, gente? Pedimos copa do mundo? Não, gente. São essas empresas vestidas de capitalismo que arrastam tudo pela frente, devoram os hospitais, as escolas e deixam esses restos de homens a nos governar. Desliguemos as TVs, mudemos de lojas, vamos beber o sumo brasileiro, curtir algo da nossa ampla cultura. É ao acordar que começamos a compor uma peça evoluída, gente! Uma grande nação se faz com grandes cidadãos. Abraços ives vietro

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Amor

"Não brinque com os sentimentos dos outros". O eco veio entre o sonho e o despertar noturno. À penumbra, o relógio estridente marcava o compasso da madrugada. Faltavam algumas horas até as luzes do sol entram pelas frinchas da alma e aquece-la de novos rumos. Livre de qualquer compromisso o dia prometia repouso, mas o calabouço do amor é ainda mais fundo, e foi ele quem me arrastou diante da chaga que aparentemente estava fechada. Uma linda mulher de cabelos-caracóis adentrou-se no limiar da minha morada. Fechei a porta, tranquei-a, mas a imagem voltava e voltava. Lembram do filme "Somewhere in time"? quando o Richard no hotel passa as noite a olhar a foto da Elise? eu sei bem o que é aquilo. Certamente o poeta que escreveu o filme todo passara pelo paroxismo. Foi naquele dia, após o eco vindo das trevas, que conheci a mocinha de semblante translúcido. É preciso respeitar a película protetora feita de luz que esta antes do corpo que amamos; se vaza-lo com injurias e magoas ficará gravado como num filme imortal: e creiam, há frases imperdoáveis. Sabia, com o branco dos olhos que aquela me traria paz, tormento, pesadelo. Os arrepios fantasmagóricos, os olores que despertam a ansiedade, os versos formados no fundo das existências eram enleios deflagrados pelos anjos ao redor do nosso encontro. "O que querem de mim"? Seriam anjos do inferno? A força é descomunal, e sentimos que chega a ser covarde a diferença do braço forjado no sobrenatural. É o corpo atraído pelo magnetismo que entra no vosso campo gravitacional e gira eternamente; ora, se manifesta no corpo físico, ora é luz de um abismo. Diferente. Tão diferente. Não há preceito, os vincos do amor são infindáveis, olhai os rostos dos poetas. De uma beleza que só eu podia ver, invejassem com o frumento humano ou não, era ela a mais bela do mundo, do meu mundo, do mundo todo. Ficamos presos numa esfera celeste, aonde os movimentos eram iluminados pelo silencio. Sim, entram os valores em voga, mas o que segue no espírito é o que da rumo ao Ser. São as luzes ancestrais que acompanham na alma os destinos do bem. Esta dentro de nós a defesa contra a explosão imortal, e nunca passageira como creem. Vi que não era perigoso e deixei o corpo unir-se ao meu. Entrega-se plenamente, eis o medo de entregar tudo, mas não é permitido entrar no paraíso com suspeitas do amor inventado por Deus. É, ainda, Romeo e Julieta, A bela e a Fera, Tristão e Isolda...! A arte imitou a vida, foi o poeta que descreveu a força motriz humana. Força que movimenta o nosso ego em virtude de ações que são causas, e não efeitos desse amor todo. Vem sempre acompanhado por vulcões loucos a serem expelidos, para que possam escrever nos céus a essência desta felicidade, ou desta angustia quando a chama se afasta, seja um minuto, imaginem a madrugada toda? abraços

terça-feira, 7 de junho de 2016

pega o peixe logo

Em tenra idade meu pai ensinou "te arrumo a vara, você pesca." Na beira da lagoa um dia ensolarado havia um peixe perto da isca, achei melhor espera-lo, meu pai disse "coloca a isca lá perto e pega o peixe." Essa lição ajudou-me muito nas minhas aventuras...! Esses dias uma amiga disse que daria um gelo no carinha...passaram alguns dias o carinha estava com outra...minha amiga magoada descobriu que o menino gostava dela, mas achou outro caminho...aí, eu disse, "da próxima vez, pega o peixe" ...abraços

quinta-feira, 2 de junho de 2016

divagando

um anjo pediu-me que sem correções corresse a registrar o que viesse da canção que me arrastava pelos pés com notas aladas...é o prelúdio do amor, tanta saudade do vapor que me invade...a canção que me apaixono e ouço milhares de vezes, é como ser tomado pelo êxtase de querer compartilhar, de dizer ao mundo que sim, somos felizes, a arte existe e é maior que o ser humano...ela abre o egoísmo e deposita um baú de vontades...de superar-se, de entender-se como parte da esfera mágica que é a arte, a Voz de Deus...acho que vou passar a noite a voltar a mesma canção...que loucura, mas é pura paixão! abraços

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Equilíbrio.

A arte de arfar
é apanágio da alma livre
que vaza o corpo
e traz à tona o mel da vida.

Paroxismo acerbo
Exigir do ar fleumas espelhadas
Amar como se é amado
inalar o que é exalado.

Mas é o fio do equilíbrio
agir com o Sol nos olhos
a encantar a minha lua sedenta
a iluminar e ser iluminado.

ives vietro

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Hexágono

Teus poros são favos de luzes
Perfeições emanadas dos céus
Hexágonos no imo da criação

Quem?
Ensinou a abelha trabalhar?
De onde
Vem este fogo no olhar?

Imagens doces dos olhos, proporção divina.
Linhas, enleios, a ponte toda, na aura.
Colmeia dos anjos, pote das respostas.

Teu corpo todo
exala o mel da criação.

Ives Vietro

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Amor (final)

Foi a apenas oito dias o ocorrido, tempo exato de cada capitulo desta história que ainda corta o meu coração de alguma forma, mas a decepção também corrobora a escolhas que ficam no meio das nossas vidas, e que vez ou outra voltamos com novos olhares sobre elas, e questionamos se de fato foi o rumo certo que tomamos. Tínhamos aqueles valores, e outros vieram, mas alguns sempre são enraizados em rochas no fundo da alma humana! Não esta escrito em compêndios, nem em grandes teses defendidas por doutores, não há resposta melhor do que esta que segue o nosso coração . Ela foi viajar com a família a um grande e luxuoso hotel. Deixou-me apenas alguns versos de despedida, neles estavam congelados os dedos inseguros. Foi combinado tudo de ultima hora e não podia deixar mais que aqueles versos curtos que pareciam em formato de punhal, que me rasgavam lentamente! A exatamente oito dias ela voltou do hotel. Dormiram todos no mesmo quarto, mas segundo ela em camas diferentes. Ao abrir a ultima vez a câmera quis ver o seu rosto. Ela estava aos prantos, de joelhos, jurou em nome dos céus que não fora além do que acreditava também. Mas aí, entrou a necessidade, a razão em lugar de um ser que não pode, nem poderia ficar simplesmente à deriva. Fechei a tela e recebi apenas algumas palavras que seriam de verdadeiro amor. Mas a fidelidade no amor havia sido rompida e então não pude mais que seguir os laços sagrados do peito. Alguém quebrou esse laço, e lembro-me do poema esquecido, escrito no fundo do bar noturno! Não revelarei a ninguém a minha vergonha de terminar com uma esperança tão amarga!

Amor 7

Lembro-me bem de uma noite de sábado quando meu coração falou muito mais alto que o instinto animal. Eu estava num barzinho noturno com alguns conhecidos, que falavam e falavam sobre tantos assuntos interessantes, mas o que eu mais fazia era afirmar o que falavam. Não estava ali de fato, meus desejos nos pulmões exalavam ares saudosos. De quentes fleumas eram os versos que se formavam além das letras que vinham de todos os cantos, pelos murmurinhos dos vizinhos de mesa. Subitamente, um torvelinho inesperado tomou conta dos meus amigos. Algumas meninas, sentadas à mesa ao lado, trocavam alguns olhares com eles. Sorri e incentivei-os na empreitava, mas disse que ficava de fora. Eles se levantaram e deram os primeiros passos a abordarem as meninas. Um dos que estavam comigo e que é o meu grande amigo, não acreditou bem na minha escolha, mas respeitou como os grande companheiros fazem. Havia uma tela enorme onde passava alguns clipes musicais. O mais impressionante foi ouvir a música que eu e o meu amor considerávamos a nossa. Peguei um guardanapo de papel e escrevi a minha melhor poesia. Pena que ainda não tenho coragem de mostra-la a ninguém, talvez, porque revele as minhas mais inseguras flores. Uma lágrima ameaçou a brotar da minha alma, meu amigo lançou-me um olhar conhecedor do que se passava, e apenas fez um gesto de resposta com a mão, quando viu-me partir sozinho à minha casa. O amor fez de mim um fiel escudeiro do que acreditava, e no fundo acreditava demais naquela que amava. Ao abrir o computador aquela noite havia apenas uma despedida. Foi ali que começou a ruir todas as minhas expectativas. A frustração macula o amor.

sábado, 7 de maio de 2016

Amor 6

Respondi a uma mensagem vinda da querida flor. Fiz promessas aos céus que não voltaria a falar com a Mulher, mas desta vez em vez de um recado de amor, tratava-se de um desabafo. Senti um peso insuportável nas costas e sem notar já abria a câmera a ouvir o desabafo. Ao ver a imagem da bela meu coração saltou. Ela estava divina, mas uma aureola negra se formara em seus olhos, e com o olhar apático ela expressou um sorriso medroso. "Que bom te ver, acima de tudo, I..." Parei no ar como um beija-flor ao que ela sentiu a minha paixão fluir da aura. E, por ficar preocupado com o desabafo, perguntei o que acontecia. Seu filho não estava bem. Uma febre repentina atacara o menino que já tomava medicamentos forte a controlar a gripe. Ela tinha pessoas e amigos a conversar mas era em mim que sentia a energia necessária a suportar melhor o momento. Conversamos uma meia hora e me despedi dizendo que oraria por eles. Parecia que ela queria suplicar algo, mas fechei tudo e voltei ao meu texto, que continuo agora. * A religiosidade num casal é importante, mas quando as ideias são díspares o que fazer? Já vi homens sofrerem tanto em nome de leis que descobriram nos ensinamentos sagrados. Homens que preferiram deixar partir uma pessoa que podia ser o amor de sua vida. Até onde vai o respeito pelas diferenças? No dia que lhe disse que sou Batista ela ficou estupefata, não sabia ao certo que eu, apesar de protestante, tenho a mente aberta a receber a luz divina, e quem acredita que só há pastores péssimos está enganado. Tive um pastor que era o amor em pessoa, que ensinava com as ações. Aprendi lições que encontro na confluência do meu próprio ser. A bondade do Verbo enviado, o amor desprendido são apanágios de raros virtuosos, e não de religiosos. Aprendi a não falar o Seu nome em vão, e por mais que tenha errado nunca passei de certos princípios. E, não desejar a mulher do próximo é de uma atrocidade quando as figuras da história são duas pessoas que nem tiveram culpa da atração tão poderosa. O que fazer, então? Qual rincão do universo podemos silenciar o coração que não consegue descansar? Ela é católica, disse-lhe que respeitava demais o catolicismo assim como respeito as outras religiões. Falamos com muita propriedade do que acreditamos, mas ela fez alguns apontamentos a cerca da minha religião. Até isso acho válido, sim, não tenho a pedra fundamental da vida, e dialogar é encontrar-se na luz. Ouvir, é ouvir verbos que te desprendem da matéria. Ouvir é ser o outro. "Tudo bem, S...., na verdade não tenho culpa da má fama que muitos pastores fizeram." E fazendo um breve comentário, os tais pastores, vis, são prepotentes, e não pastores na essência da palavra. Passado o torvelinho voltamos a amar, amar com dois sentidos que juntos eram cinco, seis, infinitos. Sentia o sabor de sua pele, sentia os olores das águas de seus olhos, que brilhavam chamas que atravessavam a tela do computador.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Amor 5

Antes de continuar, gostaria de registrar mais uma tentativa da doce Mulher de se comunicar comigo. Dessa vez ela disse que esta chegando a um estágio de saudade tão alto que mal pode esconder dos seus mais próximos. * O bem-te-vi ainda dormia quando eu acordava de madrugada a esperar pela alegria. O fuso horário aumentou após a chegada do verão à Europa, então para conseguirmos alguns minutos pela manhã precisava eu acordar às cinco da madrugada, e quase sempre assim fazia com um sorriso que brotava nem sei de que rincão da alma. As noites se tornam indiferentes aos apaixonados, não faz tanta diferença dormir ou permanecer acordado, a contar os segundos. E quando o som da janela da rede social explodia, explodia também o meu coração. Como eu ficava extasiado com a nossa conversa. Lembro-me bem de uma manhã que ela dizia que usara todo o escasso recurso em nome do querido filho que faria aniversário em breve. Ela trabalhou de sol a sol a realizar a festinha do filho. "Não deixarei-o sem a felicidade." Não entrarei em detalhes, mas Portugal também entra numa derrocada total em relação a economia, portanto imaginem a superação necessária a doar assim um presente ao filho. Fiquei emocionado no dia que ela falou dos problemas de saúde do menino, da luta que tiveram ao superar aquele momento delicado que passaram. Mas o menino se recuperou e com a benção divina hoje é a razão de tais e tais lutas: viva o amor, a garra de uma mãe genuína. E diga-se de passagem, que cozinheira fantástica. Sabe e gosta de cozinhar. Lembro-me desses detalhes fundamentais a qualquer pessoa.; falo do zelo pela casa, pelas coisas que possuía. Trabalhadora, fora e dentro de uma lar que ruía, sim, mas nem por isso ficava desmanzelado. Lembro-me de um irmão, cuja esposa, ao desistir do casamento, desistiu também da casa, e não só uma vez, nós, os familiares notamos os aromas pútridos quando visitávamos o meu irmão. Não estou dizendo que os serviços da casa é a para as mulheres, claro que não. Quando falávamos sobre isso dizia-lhe que eu gostava também de cozinhar, de varrer a casa, lavar o banheiro...! Conluio, matrimonio, união são assim. Quando ela disse que cuidaria de tudo e de todos enquanto estivesse lá, confesso que brotou em mim a loucura do ciumes, mas ao lembrar-me do meu irmão reconheci que ela estava certa e que se tratava de uma mulher de princípios. Pena os nosso princípios se colidirem tão fora de contexto, que saudade, minha louquinha.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Amor 4

Ainda hoje, após o rompimento, a doce Mulher mandou-me uma mensagem que dizia: "Não tens ideia do quanto eu te amo." Balançou-me plenamente, e tudo que vem do peito assusta quem reconhece a letra cujo adorno é feito do mel das verdades, que reconheço, sim! Sei o quanto ela sofre por um sentimento que esbarrou-se contra uma parede feita de moral. Claro que questiono-me o tempo todo sobre as relações minhas com essas leis que regem a existência baseada em algo próximo da convivência necessária. Senti a lágrima quente a escorrer pelas minhas mãos quando respondi apenas com o silêncio. Senti também o seu sorriso arqueado como nas manhãs que ela sorria ao avistar-me após longa noite à espera da pequena frincha que a vida nos deixara. Tínhamos alguns minutos pela manhã, algumas horas à tarde, e outras à noite. O sol fulgurava em mim cores que os ares não contam, mas dilatavam em mim sensações leves, como se a ponte que nos ligava elevasse a paz que também faz parte de um todo humano, interno, perene. Lembro-me de uma vez que tivemos o dia toda livres e podemos conversar abertamente sobre as coisas da vida. Ela pode recitar os seus belíssimos poemas quando eu escutava sem perder um único verso. Ohh Senhor, quanta dor viera em meio ao caos da verdade. Por que certos impedimentos são tão cruéis assim? Qual a mensagem por detrás da flor que não quer se calar? Os finais de semana ficaram horripilantes ao meu coração, pois a Bela, por razões que o leitor deve suspeitar, mal falava comigo. Tinha que manter as aparência no convívio com o marido! Que tragédia, não? Onde buscar o fino fio da confiança além dos olhos que brotavam lágrimas quando falavam através de tristezas? Só me restava a poesia, que mergulhei desesperadamente em busca de alívio ao tormento que a saudade me causava. Era um fio fino, mas deixava-me levar, ao menos, pelos eflúvios saborosos que vinha além dos mares! "Ahh minha deusa, em nome do amor, lembre-se de mim ao voltares solitária à tua casa vazia de sentimentos" Assim os meus pensamentos fervilhavam entre os bares que passava em busca de algum ouvido anônimo que pudesse me ouvir, e o muito que encontrava era nas canções de um violeiro afinado com os meus devaneios profundos. Definitivamente não há amigos que possam doar palavras, só eu e a Mulher tínhamos o mapa do que acontecia. Quando anoitecia em mim a esperança de dar uma palavrinha com ela, adormecia mais ao torpor do cansaço que pelo embriagues da bebida. Pensem só, se a minha luta, se a minha despedida foi em vão!

Amor 3

Em meio a turbulência um convite inesperado e um tanto tentador tomou conta do meu ser. A Mulher queria viajar milhas e milhas a encontrar a razão de o seu coração descompassar ao ver a minha imagem do outro lado. Algumas vozes costumam voltar num espelho profundo, e foi com lágrimas que neguei tal encontro; do outro lado, lembrava do meu amigo que dizia com os olhos o quanto sofria ao ver a ex esposa nos braços de outro: desconfiava de que já haviam certos laços amorosos entre os dois. Agora, ali, diante do espelho era eu o algoz de alguém? Lembro-me bem do momento em que disse não. "Que isso I..., tu és um garanhão, não deixe de se aproveitar das graças de tal beldade." Mas no fundo não me arrependo não. Quero seguir com meu peito em paz, apesar de estar envolvido ainda numa gama de pesares. A moralidade é tão relativa ao tempo, mas lá dentro a chama da bondade passa pela razão e volta com uma resposta. Temos sim a medida da bondade, seja em que século for. Distanciei-me do ser animal que ataca por fome, ou por insegurança, agora nasce entre a razão o encontro com o espelho! É a consciência na voz divina que traz à luz ecos do passado. Busquei alguns conselhos, mas acreditem, só há respostas no raro julgamento que temos em nós. Temos a difícil tarefa de sermos o que somos, mesmo que possa parecer infantil, tolo ou desajuizado. Os olhos choram, mas na película da luz, a imagem que se segue torna a alma leve, apesar do sofrer. Assim sentia-me quando entrei no meu quarto e passei a sentir saudades do velho Ives que não perdia uma só oportunidade de mergulhar nos prazeres da carne. Mas agora, não era a carne que brilhava, mas sim uma estrela que impelia os dois corpos.

Amor 2

Quando comecei a encontrar-me com o amor, faziam alguns meses que eu me separara de um relacionamento de dez anos. Falo de uma pessoa maravilhosa, que fazia tudo por mim. Mas a pergunta certa é:"por que esperar dez anos a tomar uma atitude"? Vergonhosamente digo, que desacreditado do amor, já via no cotidiano, algo que supriria essa falta. Acreditava que o amor não existia de fato, e o que importava era a convivência pacífica. Acordei a tempo de desprender-me daquela que seria uma esposa passiva, que seguiria atá preceitos religiosos que ditam a submissão da mulher. Não quero isso, quero interpretar a luz de uma forma mais evoluída. Separei-me após um amigo desencarnar-se, ele que era o único conhecedor dos meus segredos, dizia na minha cara a minha falsidade em relação à pessoa que pretendia me casar. E, depois de sua partida, a minha consciência deu um nó no meu coração. Não podia mais entrar na igreja, não podia nem mesmo andar com a mulher que não merecia a minha pessoa. Separei-me então. Deixei-lhe uma pequena lanchonete, onde seria o meu ganha pão. As coisas já estavam péssimas no Brasil, e eu, desempregado investi no tal negócio. Estava indo bem, mas deixei tudo em nome da consciência. De volta ao silêncio do meu quarto, quando passei a idealizar outro projeto chegou ao meu facebook uma menina de cabelos encaracolados, linda de dar medo. A beleza espanta, podem ter certeza. Não queria envolver-me naquela altura. Queria trabalhar cegamente na empreendimento que sonhara, queria me envolver no mercado das flores. Amo as flores, e acreditei por um instante que seria a minha saída, e se não fosse o momento de resseção no Brasil realmente teria me atirado na façanha. Mas, não decolei, e sem dinheiro quase me desesperei. O momento se prepara a receber os vasos do amor, e foi com o calor da vontade que mergulhei na beleza de uma mulher doce e carinhosa. Tudo virtualmente. A força que tirou-me do eixo trazia na bagagem um relacionamento que eu não sabia ao certo o que era, e por mais que ela me dizia, os dias provavam ao contrário. Ela passeava com a família, viajava, enfim, tinha um cotidiano relativamente feliz. Com uma boa estrutura, numa bela mansarda Portuguesa, tinha todo o conforto que um humano precisa. A diferença social, na prática, também é um grande obstáculo, já dizia Shakespeare. Às vezes os finais de certas histórias são trágicas, não como a minha, que não houve sangue, com tudo terminado na altura da maturidade. Aprendi a aceitar as mensagens divinas. As luzes são evidentes, porém a viagem do enleio foi difícil de interpretar. Ela também estava há dez anos num relacionamento cujo fruto era um anjinho delicado, maravilho. Ela disse, com muita convicção que terminaria o casamento, não fossem os entraves que a vida lança sobre os pés. Mas, aparentemente, a Senhorita bela, não amava mais o marido. Sofria lentamente, e comumente chorava lágrimas amargas.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Amor.

Há seis meses encontrei-me com a luz. Estava distante, e por um instante, invadiu-me fortuitamente. Quando comecei a conversar com a Senhorita em questão não suspeitava o tormento que seriam certas noites sem poder tocar a pele que incendiava as minhas manhãs. Costumo comparar o encontro como algo magnético, onde dois corpos são impelidos por uma atração que nem é deste plano terrestre. Tenho certeza de que no mundo espiritual a forja do amor segue padrões que sentimos nas pontas dos dedos, como se fossem pequenas fagulhas que causam choques no imo dos enlaçados. A chuva de dèjá-vús é algo que atesta a veracidade do meu relato. O tempo todo fui invadido por sensações que me remetiam a instantes tão parecidos que eu podia dizer o que aconteceria em breve. No dia em que encontrei-me com a Luz, algo na intuição ditava o caminho da atração. Foi suave e agradável aos meus sentidos, que se abriram aos sentimentos, não apenas como valores do que se apresentava a mim, mas com uma força extremamente poderosa, que colocou no meu campo magnético, a beleza em pessoa. Quando fomos tocados pela varinha divina tentamos nos repelir, mas já não tínhamos força a separar dois corpo completamente presos, e livres...! Ela foi a primeira a propor o afastamento, mas naquele tempo lutei como desesperado a não deixa-la sair do nosso espaço gravitacional. Confesso que fiquei congelado até as raízes do cabelo. Se ela desse um simples clique estaria rompendo o enleio de luz que se formara, porém, ela não o fez, e até há pouco lutávamos a continuar uma história que seria tão linda, não fossem os entraves que vieram com o pacote todo. Não, não foi covardia que me afastou da moça doce, simples e simpática; foram razões que me colocaram contra a parede justamente num momento da minha vida em que estava iniciando um processo de amadurecimento. Disse a ela o que sinto, realmente, que renasci aos 40 anos, com um passado mergulhado na bebida e nas mulheres. Não, não podia mentir. Aprendi a dizer a verdade mesmo que cause certa comoção momentânea, mesmo que custe o meu futuro, afinal, tenho que pagar pelo que fiz. Mas, na prática as coisas são diferentes, e o passado, quase sempre, condena-me. Não adianta mais dizer o que queres. O nome do amor fala alto, vai e traz a esperança que fenece a vontade, mas há coisas que dependem de julgamentos que trazem também valores que não conseguem, e não podem ser engolidos. São tantas histórias loucas, tantos Romeos e Julietas e me pergunto, que força monstruosa é essa que devasta, às vezes, o pensamento de um homem. Passei, e ainda passarei noites fantasmagóricas até que o pulso do magnetismo arrefeça e me deixe escapar pelas paredes do tempo. A poesia passou a fazer mais sentido, não aquelas que se apresentam soberbas, mas essas que nos enlaçam na flor do amor, que sabem o que dizem, com o mel da experiência. As canções, claro, as imortais, falam perfeitamente em ondas que seguem o infinito. Abraços

terça-feira, 19 de abril de 2016

A amiga Ivone.

Olá! A pedido da nobre amiga Ivone vou tentar descrever algo que possa ajudar na leitura do livro “Os irmãos Karamázoz”. Sempre acreditei que antes de tudo é preciso pegar o estilo do autor, a forma com que ele se expressa, a pontuação que usa, e acima de tudo, a filosofia por detrás da mensagem. Esse livro trata de assuntos universais, que no desenrolar do livro, ora esta na boca de um personagem, ora na narrativa do gênio, no caso, Dostoievski. Hoje mesmo estava a ler algo de cunho religioso, onde o Velho Fiódor Pávlovitch diz claramente ao seu filho Ivã que a religião emperra a evolução dos seres. Cada qual reflita da sua forma, mas vemos no desenrolar da trama cenas contundentes o tempo todo. E, temos passagens extremamente iluminadas ao que se refere Deus, e a humanidade, como no discurso do Padre Stáriets Zósima, que sem dúvida deixa qualquer ser elevado ao mais alto grau da existência. Com o tempo percebemos que se trata de uma joia rara, que aprendemos apreciar mais com o tempo! Lembrando que é um livro de umas seiscentas páginas, mais ou menos, portanto temos que dar uma boa acelerada a não perder o segredo do livro todo, ou melhor, é preciso lê-lo rapidamente, assim acredito! abraços

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Profundidades

Após dez anos voltei a abrir “Os irmãos Karamázovi” e confesso que não tinha a mesma profusão necessária a entender bem as linhas de Dostoiévski. A mim, um dos melhores livros da literatura mundial, encerra nele uma riqueza de palavras que sem ter delas uma noção que formam em conjunto, não seria possível desbravar a genialidade do livro. Ao passar a entender melhor, lembrei-me das inúmeras críticas que já recebi quanto à falta de coesão contextual naquilo que escrevo. Confesso que não me faz, mais, a menor diferença os comentários perniciosos, aqueles que não revelam nada. Apenas ressalto que se algo não entra na nossa sintonia naquele instante, não quer dizer que não tenha sentido. Haja vista que ao que se refere à poesia, ainda é menos importante o sentido literal das palavras. Acho lindo quando as palavras me levam às entrelinhas, entendem? Bem, voltando à questão do livro que voltei a ler, achei na primeira página no inicio da narrativa um versículo da Bíblia. Um versículo muito profundo, que não permite uma interpretação “ao pé da letra”. O versículo é: “Em verdade, em verdade voz digo que, se o grão de trigo que cai na terra não morrer, fica infecundo; mas, se morrer, produz muito fruto” João 12, Vers 24. Está fora do contexto, claro, mas o Sr Dostoiévski, certamente, encontrou algo mais nele. E aí, não tem sentido ou não podeis interpreta-lo? abraços

quarta-feira, 23 de março de 2016

Presos

Tentei escapar
Das teias do "universo"
Ledo à deriva
Sou réu confesso.

Recusei a dor
Em nome do desejo
Esta maldita carne
Morada do meu amor.

Voltei lépido
Às presas do regaço
No espelho turvo
O abismo, o abraço.

Velei em sonho
O sortilégio do sorriso
Solto no espaço
A voar no paraíso.

Enleios feéricos eternos
De abajures vibrantes
Luzes dos olhos ligados
pólos dos diamantes.

Presos no amor
na Dimensão da incerteza
inspirados sem querer
Na luz da beleza.

Ives vietro

segunda-feira, 14 de março de 2016

Política

Achei muito positivo o povo na rua a reivindicar os direitos básicos, mas o que me causa uma certa estranheza é o fato de impedirem que quem estivesse contra fizesse manifestações nos mesmo lugares de quem estivesse a favor. Bem, ai não estamos falando de uma nação evoluída, não é? As diferenças devem ser discutidas com diplomacia e sem serem levadas ao campo pessoal. Não, não sou petista, gosto apenas de refletir o comportamento do povo. Os anti-petistas falam da Dilma, dos erros na forma de falar: não acho legal. Ela poderia até falar erradamente e ser uma boa presidente, o que não é o caso, mas não acho legal ofender a pessoa dela, o lado pessoal. Agora, ao que se refere a incompetência, e ao fato de não ter mais governabilidade, se esta ou não envolvida na corrupção são outras questões, não é? Eu sou a favor da justiça com olhos de águia, claro, e me parece que há um movimento diferenciado no Brasil. Acho que a vontade superou a vergonha. Quero acreditar que há alguém, neste país que tenha a diplomacia a governar, assim como quero acreditar num povo que resolva as diferenças com dialogo, pois existe sempre uma forma de satisfazer ambas as partes sem violência. Abraços

quarta-feira, 9 de março de 2016

Schopenhauer

A grande mestra do conhecimento é a humildade, e foi com o coração desprevenido que encontrei no livro de poesia de uma grande amiga a virtude mais sagrada a quem almeja encontrar a Senda genuína. Sem causar expectativas em mim disse que se tratava apenas de algumas linhas abstraídas do cotidiano lasso em que vivia. Ao abrir o livro deparei-me com o espanto a ponto de causar-me lágrimas. Tratava-se de uma grande poetisa. Quando ela voltou a falar comigo após ter deixado o país não pude esconder o delírio ao ouvir de sua boca leve a palavra "saudade". A experiência que carrego leva-me a crer que nunca se deve deixar de atentar às palavras, sejam ela as mais simples, que não era o caso, pois se tratava de um sentimento que alude à outros sentimentos mais profundos. Não sou filósofo, sou apenas um viajante das ruas que encontrou nos livros uma "fuga necessária", porém, ao deparar-me com a graciosa e bela mulher estava a ler um dos maiores filósofos da história: Arthur Schopenhauer. Fato esse que ajudou-me infinitamente na abordagem de assuntos profundos aos quais a Dama à minha frente propôs a elaborar. A vontade como representação, a analogia de Platão com o poderoso Kant deram à minha retorica a potência necessária a causar uma ótima impressão. A dificuldade de depurar os objetos individuais a buscar a priori o que há em si torna qualquer assunto plausível, desde que com a mesma humildade deixemos ser ouvidos, porque é extremante difícil elaborar tais teses. Mas a menina era tão humilde como ouvinte, e não interrompia a minha divagação enquanto não lhe desse a pausa espontânea. Deixou-me livre. A seguir, a moça de aspecto leve sorriu e disse: tu és humilde, hein, pois falaste que mal havia lido um ou dois livros de filosofia, agora faz um síntese tão acertada a cerca de um grande pensador. Fiquei comovido novamente, e a menina sorridente disse com os olhos que aprovara-me na sua fortaleza interna. As coisas de encaixam tanto que não dúvidas a respeito da beleza divina, que coloca os serem os movimentos, nos devidos lugares e instantes. Enfim, somos dois humildes que se encontraram nas estradas desprendidas, espontâneas, sem espaço para o efêmero. ives vietro

terça-feira, 8 de março de 2016

Incompreensível.

Meus amigos, gostaria muito de partilhar com vocês uma dúvida que paira no meu pensamento há tempos já! Confesso que já meditei muito sobre a questão que colocarei a seguir, e não consegui mais que tatear no escuro a razão dessa minha incompreensão diante da minha própria impressão e espanto. Refiro-me à algumas meninas muito novas, que usam roupas muito curtas a mostrarem o corpo em público. Não, não sou moralista, acho que cada qual tem sim o direito de fazer o que "quiser" num país mais "livre" como o Brasil, e os meus valores, as meus ideias, são meus, e não posso mais que tentar racionalizar a questão que me assusta. Ontem, uma menina que devia ter os seus 16 anos usava um shorts tão curto que causou-me um certo embaraço ao vê-la tentando se proteger das vistas dos homens que passavam. Por que tão curto, então? Eis a minha dúvida! Como tenho um público mais feminino por aqui, gostaria muito que me ajudassem nessa que é somente dúvida! É normal? Não acabam despertando o instinto dos homens? É só provocação? O que é? Abraços

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Os três criminosos (conto).

Uma menina linda vinha descendo a avenida principal do bairro distante da cidade desconhecida. Ao lado dela um homem formado aliciava a menina doente que saíra de casa sem rumo certo. Ela sofria de algum distúrbio passageiro, mas com tempo suficiente a alguma investida criminosa. Mais dois homens que sabia da fama da pobre seguiam àquele que levaria a jovem ao mato, atrás da fábrica abandonada. O primeiro logo tirou a roupa da jovem que amedrontada pelas investidas do homem entregou-se sem desejo. Depois foi o segundo, o terceiro, e enfim, os três juntos. A polícia jamais saberia do ocorrido, nem a menina lembraria. Ahh Peço perdão ao entrar no terreno religioso, mas as vias divinas são desconhecidas, e quem pode desacreditar da parte que diz que Deus é um feroz defensor dos inocentes. Dali alguns meses o primeiro caiu de moto e morreu, o segundo contraiu câncer e o terceiro apresenta a mesma doença da menina que fora violentada. Esta no úmido dos olhos, gente! As lições são divinas ante a perene existência da alma. Abraços

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Conto

Havia na cidade um homem completamente perdido entre os amores que lhe invadiram a vida. Bonito e cheio de encantos desfrutava há tempos quem entrasse em seu campo visual com os olhos sedentos por pele. E quanto mais experiência ganhava, mais conseguia obter aquilo em que acreditava ser o ápice da existência. Sexo? Com o tempo tentou focar os pensamentos em algo realmente doce, que lhe fizesse perdurar como chamas de um amor perene, porém, logo que outra beldade trocava esses olhares que os homens sagazes entendem, não deixava de cair, de sair da estrada que havia escolhido. Lá pelos cinquenta anos olhou-se nu no espelho, e viu-se com as marcas da vida desregrada, mas não desanimou das conquistas, pois o que faltava no corpo a lábia esperta o compensava. Quando o repentino aflorou-se nos seus olhos, estava diante de uma menina vinte anos mais jovem do que ele. Ela, de tranças peroladas que luziam às luzes da lua, caiu à deriva neste barco perigoso. No passado do homem o sangue que ainda não manchara a sua consciência, começou a pulsar levemente nas raízes mais profundas. Ele, como sempre, tinha várias mulheres no canal das suas noites, mas a jovem era realmente encantadora. Ao convida-la a alcova repudiou-o com os encantos que ainda se estabeleciam nos valores herdados da família. Ela queria casar antes, queria constituir esta família que era base para o seu seguro não. Além da apetência que já andava decaída o homem viu naquela jovem o romantismo que tanto esperara. As flores beijadas por ela tornavam-se cristais líquidos entorno dos olhos que não deixavam cair as lágrimas. Ela tinha um amor genuinamente fincado nas rochas do coração, mas não o entregaria, se o homem não cumprisse exatamente como mandava o ritual "sagrado". Casar. Mesmo em meio a este ensaio de paixão o homem não deixou de visitar as outras, mas quando via-se de frente da jovem, seu coração mergulhava numa dor latente que nunca sentira antes. Ao passar a frequentar a mesma igreja que a jovem frequentava, perscrutou o coração em busca da resposta àquelas dores. Dizia à menina que casaria, que faria tudo como mandava o "figurino"; queria de qualquer forma experimentar aquele frescor a qual vagava cada vez mais longe. Sabia que o sexo é poderoso, e o instinto da sobrevivência não resiste muito tempo às tentações. Foi num sábado, quando estavam sozinho, que ela cedeu. Cedeu em partes pois o homem simplesmente não pode completar a posse da jovem. Uma fadiga grandiosa invadira o seu corpo bem no momento em que tiraria a virgindade da pobre menina. Usou da malícia ao dizer que não deveriam mesmo, e que poderiam adiar o momento de cumprir o que estavam fazendo após o casamento. Na mesma noite correu para os braços das outras e mesmo pejo impediu que desfrutasse os desejos da carne. Então, o homem sentiu-se isolado do mundo. Aquela que lhe amava tanto não servia ao diálogo que necessitava ter. E foi à luz do luar que encontro definitivamente a consciência. Deixou o mundo profano a desfrutar o paraíso com a jovem. Casou-se e escolheu como caminho não o casamento, mas as virtudes que se encerravam nos preceitos da menina mais ajuizada do que ele. Porém, o tempo trouxe descobertas, e a menina soube por terceiros que havia sido traída no tempos do namoro. Rompeu com o homem que viu-se novamente diante da consciência. Apanhou. O que faria dali em diante? Não poderia apagar o passado, mas poderia buscar o tempo perdido, e foi numa forma de arte que encontrou a válvula de escape ao seus tormentos que renasciam todas as noites. O sono é o palco do passado. Após alguns anos a jovem, que não se relacionara com ninguém descobriu dos afazeres do homem, e encantou-se como o fato do seu amor estar num caminho acertado! Ao voltarem construíram, enfim, o ideal da jovem, que ele amou de coração! ives vietro

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Amigos

Meu grande amigo perdeu num acidente os movimentos das pernas, e não houve outra solução além de aposentar-se por invalides. Como se não bastasse a esposa abandonou-o quando não tiveram como pagar o acabamento da casa que ainda mostra os tijolos comidos pelo tempo. Seus carros empoeirados lembram as histórias dos sábados à noite quando ia ao clube mais conceituado da cidade, ou às praias mais badaladas do Rio de Janeiro. Sábado, ao visita-lo, tirou da cristaleira antiga, duas taças que restaram da era de ouro. Brindamos à amizade, a esta beleza que supera a dificuldade. A filha, que ironia, estudada e bem de vida, não fazia uma visita há meses, dizia pelos olhos o triste amigo à minha frente. Namorei com ela, que lástima a minha, pois já via os traços do egoísmo acerbo em relação às coisas do coração. Após alguns anos separados aquele que chamo de Mestre, descobriu que um dos filhos não era do seu sangue. Que tapa, não? Quando estávamos juntos, já sabia que um dia seriamos bons amigos. Afinidade, sim, afinal gostava muito de ler, e até hoje temos altos papos acerca dos imortais da literatura. Naquela altura, o Mestre, incompreendido, não deixava de expor as ideias que até então todos consentiam; afinal o nível social dá crédito ao que se fala? Depois, ao perder quase tudo, o que lhe restou foram sussurros de louco. Ele tem uma biblioteca empoeirada, com livros extremamente raros, como por exemplo, “A divina comédia” em versos e em Italiano. É um verdadeiro Mago, que admiro imensamente. Ao despedir-me dele falei no tom de amigo, que ele deveria se orgulhar por não ter perdido aquela poesia toda. E, ao tom de amigo, respondeu à gentileza dizendo, “o que tenho é de fato espiritual”. É uma oração tão singela, mas pensando bem, é o que temos! ives vietro

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Cores brilhantes

Nívea pérola irradiante.
De olhos Caramelados,
Lampejas das trevas
Uma aura tão cintilante.

Teus cálidos lábios rosa
Movem-se como a flor,
ao abrir-se e beijar o sol,
O Astro-rei do nosso amor.

Presa à livre penumbra,
Meus olhos a deslumbra,
Soltos no espaço profundo,
Órbita do nosso mundo.

ives vietro

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Sensual.

Subjetivas forças adornam um corpo de fantasias que lhe apimentam ainda mais, muito mais! São os desejos reprimidos na infância, que em alguns se dispersaram em curtos encontros às escondidas. Via a sensualidade em camiseta branca furada,ou em sandálias velhas com cheiro meio acre de uns pés bem sujos pelas brincadeiras inventadas. Sempre atrás de uma árvore,ou de um muro esquecido pelo mundo...! Uma menina não diferente das outras, cujo crime era soltar-se nos desejos a incentivar-me a ponto de perder os limites que a mãe estabelecia, e era sempre com curiosidade que tateava aquela pernas frescas...! Ela se arrepiava inteira. A troca é que é o barato do tato. Ensinava-me os caminhos de seu corpo como alguém obedecendo aos instintos. E repito, não era menos virtuosa que ninguém, só obedecia os desejos, pois esses tão poderosos, mal podem ser ajuizados, como reza a boa regra. Mas atrás das paredes esquecidas do mundo, quem não tem pecado que atire a primeira pedra! abraços, ives vietro

sábado, 28 de novembro de 2015

Paixão.

É um estalo no horizonte, uma luz que desce e se aloja sem nem querer, e que não sejam culpados os ousados que mergulham nas labaredas azuladas. Complô do universo que veste o verso de magnetismo. Começamos a nos falar despretensiosamente e paulatinamente até transformar-se em fogo pálido nos nossos rostos afogueados. Tudo tende a confiar no coração, pois esse não teme entrar e vasculhar o universo em busca do amor. E a musa inspiradora desta declaração entrou na órbita que nem é minha, pois pertence as energias que se buscam num emaranhado de pequenos feitiços avermelhados. Uma boca seca de tanto suspirar delírios não teme mais permanecer nessa esfera celeste, assim como a Terra já não teme mais o poderoso Sol. Raro quando recíproco, de uma magnitude feita de entregas cheias de sinais pelo corpo. É impressionante como os olhos brilham e o pulmão clama por essa chama que chama os corpos a permanecerem unidos. Dentro desta esfera vêm as luzes ainda mais profundas, com ares filosóficos aos mais racionais, ou apenas eflúvios emocionantes aos que se entregam nessas ondas. Indo mais longe ainda, a minha musa inspiradora entende todos os meus poemas como se fossem partes dela que chegam em linhas exatamente na mesma frequência. E indo ainda mais longe sinto o quanto os filósofos estão certos ao dizerem que a razão é necessária para não nos perder completamente. Sim, é preciso predispor-se a catarses constantes a fazer das letras algo que chegue mais próximo dessa fornalha. Ela reúne nos sentidos todas a belezas que a alma pode ver. É o a priori de Kant que faz da estrela uma experiência que pode ser ainda mais purificada, é o que busca num todo a possibilidade de conhecer-se a si, no outro. Bem, mas voltando ao universo mais romântico que filosófico sinto que quem se perde o faz sem o mínimo de juízo, e se encontra muitas vezes completamente carente de carinho, de afetividade. Mas há no meio de toda essa paixão um fio condutor divino, o coração. Do outro lado esta o mesmo coração que faz do encontro uma busca justa, e quando se sente que esta perdendo é porque em algum ponto não houve o equilíbrio, então acontece de a paixão a ir de esfriando, isso graças exclusivamente ao coração do romântico, que vai de forma sofrida se afastar até esquecer a chama toda, ou ficar ainda mais aguçada se houver a troca perfeita. Os sentimentos são colocados sobre a mesa e o outro coloca os mesmo sentimentos, para o resto, tudo se torna indiferente, pouco importa os valores materiais ou se o amado faz coisas que não estão tão bem em conluio com a moral em voga, mas podem e devem cobrar aprumo sem deixar de amar. No caso em que quando alguém entra no nosso universo e as coisas fluem de tal maneira que já esta tudo arranjado, não tenho dúvidas que é realmente algo do destino. E cresce tanto a ponto de fazer aparentes loucuras ao resto do mundo que não ouvem mais os felizes, a felicidade causa inveja aos menos espirituosos, por isso os loucos vão se afastar até irem a lua-cheia! ives vietro Bem Gente, são apenas divagações, qualquer semelhança com a realidade á apenas ocasional, ok? Claro que gosto de críticas, desde que seja fundadas realmente, se não forem posso tomar como perniciosas, e então tendo a me distanciar! Lembrando que escrever é expor a alma, e essa precisa de muito tato para ser retorquida! Lembro-me de uma história em que havia na cidade um grande poeta que não falava com ninguém, pois se cansara de dar ouvidos a ouvidos surdos, e podem crer, se não há sentido para um, com certeza nas entrelinhas alguém vais encontrar uma centelha e fazer dela uma coesão absurdamente perfeita! Abraços

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Brasil?

Poxa meus amigos, minha indignação hoje é pela americanização do Brasil e até do mundo todo! Mas vamos falar do Brasil. Sabiam que o dia do tal do halloween, é o mesmo do Saci perere? E sabiam que, ao menos aqui em Campinas, chamávamos de oferta maluca o que agora virou black friday. Nós, os consumidores, povo, podemos ser mais nacionalistas sim, não de forma radical, mas valorizar o que é da região é de fato enriquecer o Brasil! Vamos continuar tentando ser livres, é bonito o povo brasileiro gente, temos uma vasta cultura sim, precisamos nos valorizar! abração ives vietro

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Uffa

Calor de 50 graus e precisava encontrar logo os fios que se romperam. A casa estava sem energia elétrica e todos esperavam pelo salvador da luz. "é preciso antes de mais nada entender o mapa dos fios" Sentado passei a meditar no emaranhados de condutores de cobre. O suor começou a invadir meus olhos, e como ardiam, meu deus, ninguém jamais entenderá. Mas não podia voltar, nem mesmo me acovardar, enfim, todos precisavam de mim. Quase cego tateei um dos fios que me levaram a uma conexão mal feita, segurei-a com força e perguntei com toda força de espírito ao anjo que me acompanhava se era aquela junção que estava causando dano ao sistema todo. Não sei explicar, mas recebi um sim intergaláctico. Cortei as pontas e refiz uma nova conexão. Quando ligaram os dijuntores, todos fizeram festa lá embaixo, e não sabiam do sofrimento que passei, nem mesmo do milagre que recebi! abraços ives vietro

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

imperfeito

em tempos de milhares de possibilidades de se fazer pesquisas rápidas na internet, o que fica charmoso é realmente a "imperfeição" né? uma menina linda de coração sincero esses dias me mostrou uma poesia, e que a chamou de a mais perfeita dela, poxa, como aquilo me emocionou. confesso que foi a principio que vi nos erros tanto charme que falaram tão mais alto a ponto de me emocionar. E era algo singelo, com a simplicidade da genialidade, e eu disse a verdade, que me sentia emocionado. a luta é ainda mais emocionante, vi num documentário que um padre que encomendou um trabalho de Michelangelo simplesmente esqueceu do gênio que ficou meses procurando o mármore ideal para o Davi . gostoso é ver a língua de fora, os olhos vidrados, o canto do amor no que se faz, beijos

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Sonho

Os mesmos olhos sublimes voltaram, agora são com estalos de beijos, que ela me deixa assustado. Já vai longe o fio da natureza, que traz sempre a certeza, das lantejoulas deixadas na cama. Brilho do inconsciente vestido de erros, tão certos que se fazem bailarinos: doces respostas dos tempos. A saudade como peso da dor, em níveis que não entendo o seu calor. Pois quem parte sem esse abraço é como Heathcliff ou Ana Karenina...! Desses lassos beijos noturnos, de laços beijos fugitivos, os universos a todos conduzem, as centelhas das luzes brandas, que querem florir e tornar o abajur florido. Então venha, alma das flores, rainha das orquídeas, amor das minhas rosas! abraços